AVALIAR PARA QUÊ?
“ ONDE ESTÁ
A SUA DOR ESTÁ O SEU TRABALHO”(Luckesi)
Princípios da Avaliação
Crença
de que um ser humano é um ser em desenvolvimento. Todos nós
achamos que um ser humano já nasce pronto. Até o século
XIX essa era a crença.
No
século XX fala-se então do ser em desenvolvimento. Piaget
só fez isso.
É
preciso superar certas crenças que estão expressas nos
provérbio populares, como por exemplo: “pau que nasce
torto morre torto.”.
Avaliar
significa acreditar que o ser humano pode mudar, acreditar
na construção
Para trabalhar com a avaliação é preciso:
Mudar
a nossa crença de que a criança vem pronta.
Se
a criança demonstra uma atitude que a pessoa não gosta,
logo vem a crença de que ela é safada mesmo;
2)
Crer que o ser humano é um ser em desenvolvimento;
3)
Trabalhar com avaliação implica numa postura ética,
ou seja, uma disposição ética;
4)
Estar disposto a trabalhar com o outro. Filosofia:
“faça o bem, evita o mal.” Em função de que?
5)
Ética da situação: levar em consideração a situação
em que estou vivendo.
A
partir daí aparecem dois caminhos:
1)
1
- O da alteridade, que tem por sua base o outro. Da
solidariedade que o educador precisa ter. Ética que baseia
no cuidado individual e do outro. A avaliação está na
busca do melhor resultado com o outro. Busca da alteridade,
conduta solidária com o educando e não uma autoridade que
empurra, castiga, dá medo, mas não educa.
2)
2- Caminhos que vão além do individualismo:
Ética
pré-convencional: ética que a criança tem. “Eu sou o
centro do mundo. Só vale aquilo que traz resultado para
mim”. Vai até os 7 anos de idade.
Ética
dos contratos: “Eu faço a minha parte e você faz a
sua.” O
dia que não estiver bom para os dois, volta-se a rever o
contrato.
Ética
altruística: Ex.Irmã Dulce. Devota a sua vida ao bem
comum.
Ética
mais comum é a pré-convencional: queremos tudo para mim.
Assim funciona desde o processo político; é um toma lá dá
cá. Não é ética de gente adulta, mas infantil.
A
ética vai evoluindo, da ética egocêntrica para a
contratual e para a altuística. Estar a serviço dos nossos
alunos.
Ascensão
do compromisso de uma ética de solidariedade para com o
educando.
EXAME
X AVALIAÇÃO:
Exame
é:
_
Trabalha só com desempenho final. Só leva em consideração
o resultado final, não importa como ele chegou àquele
resultado.
_
Todo exame lineariza (simplifica) a realidade. E se o aluno
não tiver um compensatório só o aluno é culpado.
Esquecemos que o aluno tem emoções e o professor também;
que o professor erra, não produz o melhor instrumento de
avaliação - a variável pode estar nas condições de
produção.
_
Os exames são pontuais. Só vale para aqui e agora. Depois
que entregou a prova não tem mais jeito. É como se exame
escolar fosse um concurso público.
_
Todo exame é classificatório: aprova, reprova e tem
pontos. Até a miss Brasil é classificada.
_
Os exames são seletivos. Alguns incluídos e outros são
excluídos. Tem a característica da exclusão (vestibular).
_
Temos o hábito de apostar no fracasso escolar e não no
sucesso .
_
Todo exame e antidemocrático.
_
Todo exame é um arbítrio e quem o usa é arbitrário.
Avaliação
é:
_
Na avaliação trabalha-se com resultados provisórios e
sucessivos. Ela vai buscando o ideal que espera (Ex. na
cozinha, fazendo spaguetti - vamos sempre experimentando até
chegar no ponto ideal). Tudo na vida funciona com resultados
provisórios e sucessivos.
_
A avaliação trabalha com complexidade. O resultado pode não
depender dos alunos. Pode depender do material usado, da
aula dada, do acompanhamento dado e até do clima, do
barulho, etc.
_
As condições são um fator importante para melhorar a
aprendizagem. É preciso levar em consideração esse
conjunto de fatores.
_
A avaliação é não pontual: uma avaliação nunca diz você
não sabe. Diz “você ainda não sabe”.
_
Enquanto o exame é classificatório a avaliação é diagnóstica:
quais as variáveis, as possibilidades para que esse diagnóstico
venha a ser satisfatória. O diagnóstico é
para propor uma solução.
_
Toda avaliação é inclusiva: traz para dentro, é
melhoria. Não aprendeu, o que vai ser feito para aprender.
_
Toda avaliação é democrática: procura incluir todos.
_
Toda avaliação é dialógica: de conversa, de parceria, de
aliança, de relação.
O
que praticamos nas escolas:
_
Praticamos exames e chamamos de avaliação e usamos esses
recursos de forma autoritária. Mudamos o nome , mas não
mudamos a prática.
_
Esse termo “Avaliação” surgiu em 1930 com educador
americano Ralf Tailler. Aplica o feedback, diagnostica,
verifica se aprendeu. Se não aprendeu diagnostica de novo.
Por
que resistência:
_
Nós todos somos muito abusados no ato de examinar.
_
O medo de ser avaliado está presente nas mais sutis
manifestações.
_
A gente repete com o outro o que funcionou com a gente. Ameaça
com prova por causa de indisciplina.
_
Temos dentro de nós a educação do castigo como medida.
_
Repetimos essa prática porque fomos muito marcados
historicamente. Não adianta ter culpa.
-
Ela deve servir para olhar o passado e adotar outra prática.
-
Usamos até hoje muitas práticas de Comênius e não
sabemos que estamos praticando ainda. Estamos repetindo tudo
igualzinho 400 anos depois. Trabalhar com avaliação é não
excluir , é trazer para dentro.
Ato
de avaliar
v
1º passo: Constatar a realidade - descrever o que
está acontecendo.
v
2º passo: Acertar 15 questões em 20
significa o quê. Perguntar sobre o conteúdo que ele
errou. O observar as questões que o aluno errou, são
essenciais. Não olhar só a quantidade.
v
3º Passo: Tomada de decisão: o que eu faço com
essa resposta, como está? O que vou fazer para esse
resultado vir a ser satisfatório.
Só
se trabalha com avaliação se observar esses três passos.
Concluindo:
Avaliação
trabalha com a construção, por isso toma decisão.
Ter
o coração aberto para acolher aquilo que ocorre.
Crença
na concepção humanística (séc. XVI) de que com o
conhecimento o
aluno seria capaz de mudar alguma coisa.
Tantos
os problemas quanto as soluções são históricos.
Inclusão
e diálogo.
Incluir
uma terceira possibilidade- a possibilidade do outro. Ex. do
pêndulo- olhar de um outro lugar- muda de nível, muda o
olhar.
Amorosidade
é profundamente diferente de paixão (paixão é loucura,
limite entre a insanidade e loucura de Freud). Amorosidade
é manso, sereno, é exigente, tem rigor, tem olhar de
polaridade- os dois lados: Eu te amo , eu te cuido, eu tenho
certa exigência.
(Texto
organizado pela Profa. Neide Pena Cária, a partir de
palestra proferida pelo Prof. Luckesi)
Neide
Pena Cária
Coordenadora
Geral do IINAP |