A RELAÇÃO
PROFESSOR – ALUNO
Qual
é a sua concepção de "bom Professor"? Porquê?
O
comportamento do professor é um todo e depende da cosmovisão
que ele possui, ou seja, da sua forma de conceber mundo, o
ser humano e a educação. É inegável que a forma de ser e
agir do homem revela um compromisso. E é esta forma de ser
que demonstra mais uma vez a neutralidade do ato pedagógico.
Quais
os limites da idéia da relação professor-aluno?
Palavra
de alunos:
“escolho este professor como o melhor pela forma
com que nos faz pensar, colocando o conteúdo teórico não
como verdade acabada, mas “questionando-o”.
-“o
que me agrada no professor x é que ele está sempre a
responder as nossas dúvidas, ele até estimula a gente a
ter dúvidas...”.
-“o
professor x é o melhor porque ele transmite para a gente o
gosto que ele tem pela Matemática. Ele nos mostra o prazer
de aprender...”.
A
relação professsor-aluno passa pelo trato do conteúdo de
ensino, pela metodologia (torna as aulas agradáveis,
estimula a participação”) e pela concepção de ensino e
aprendizagem.
O
aluno não valoriza o professor “bonzinho”, mas sim o
exigente que cobra a participação e tarefas.
O
comportamento do professor manifesta uma postura política.
Mas este não é percebido pelos alunos.
A
expectativa e a ideologia
A
escola como instituição social determina aos seus próprios
integrantes os comportamentos que deles se espera. Por ser
uma instituição social, ela é determinada pelo conjunto
de expectativas que a sociedade faz sobre ela. Este fluxo é
que reproduz a ideologia dominante.
Os
papéis escolares estão definidos ideologicamente também
na sociedade, identificados com a classe dominante, passando
pelas formas de produção e distribuição do conhecimento.
Analisar
as relações que acontecem entre professor-aluno puramente
no campo psicológico ou afetivo é, no mínimo, ingênuo.
Elas acontecem no palco de uma sociedade e, portanto, são
profundamente marcadas pelas contradições sociais.
Os
professores vivem num ambiente complexo onde participam de
muitas interações sociais todos os dias. São eles também
frutos da realidade cotidiana das escolas e muitas vezes, são
incapazes de fornecer uma visão crítica aos alunos, porque
eles mesmos não a têm, porque se debatem no espaço de
ajustar seu papel à realidade imediata da escola, perdendo
a dimensão social mais ampla da sociedade.
Para
LUCKMANN E BERGER “as instituições controlam a conduta
estabelecendo padrões previamente definidos de conduta, que
a canalizam em uma direção por oposição a muitas outras
que seriam teoricamente possíveis (...) AS instituições têm
sempre uma história, da qual são produtos e isto implica
em controle”. Assim
a instituição interfere na expectativa, tanto dos
professores como do aluno. Para esses autores, toda conduta
institucionalizada envolve um certo número de papéis.
Assim eles participam do caráter controlador da instituição.
Palavra
de um professor: “ Na Universidade mudo meu comportamento
em algumas coisas. Lá sou mais independente e os alunos são
mais maduros. A escola de 2º grau tem ainda de preocupar-se
com a formação de certos hábitos que requerem mais
rigidez (...)”
Portanto,
parece que ser professor e ser aluno extrapola a relação
de ensinar-aprender os conteúdos de ensino. Mas envolve uma
absorção de aprendizagem valorativa muito intensa. O
importante é que haja consciência deste processo para que
os protagonistas do processo pedagógico não sejam
manipulados por idéias que nem sempre gostariam de servir.
O professor e o aluno não podem ser engolidos pelo ritual
escolar. Precisam ser sujeitos conscientes, definidores
deste ritual.
O
professor nasceu numa época, num local, numa circunstância
que interferem no seu modo de ser e de agir. Suas experiências
e sua história são fatores determinantes do seu
comportamento.(Ideologia)
A
prática e os saberes que podem ser observados no professor
é o resultado da apropriação que ele fez da prática e
dos saberes histórico-sociais. Essa apropriação acontece
de modos diferentes em função dos seus interesses, valores
e crenças., demonstrado pelo diferenciamento existente
entre o comportamento dos professores que seguem propostas
pedagógicas distintas, refletindo e antecipando sua
historia.
A
questão principal está em compreender o que acontece com o
professor que determina que ele assuma uma postura pedagógica.
Somente
quando o professor se sentir sujeito da história,
consciente de sua prática, capaz de estabelecer relações
entre a sua e as demais condições sociais, é que poderá
agir em direção à modificação das relações pedagógicas
e sociais.
Não
se pode analisar as relações que o professor estabelece
com o aluno senão a partir de situações concretas de sua
história e de sua vida.
Texto
organizado pela Neide Pena Cária
Email:
iinap@uol.com.br
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